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Silêncio dos Afogados

Rompendo o Silêncio: Entrevista com Luciana Rosa

O “Rompendo o Silêncio” entrevistou a jornalista, roteirista e produtora de criação Luciana Rosa.


Luciana é pós-graduada em Jornalismo e bacharel em Rádio e Televisão, trabalha há doze anos como produtora de criação e roteirista de chamadas na Record TV. Com ampla experiência em produção de vídeos e escrita criativa, já teve seus trabalhos exibidos na Europa, África, Japão e Estados Unidos.


Nessa entrevista, Luciana destaca a importância do jornalismo em informar e denunciar as mazelas da sociedade e causar grandes transformações no curso da história. “O jornalismo é a maior força para a manifestação da verdade, ele é um ponto de referência onde as pessoas podem buscar conhecimento e informação.”

De que forma o jornalismo te move ou movimenta?


Jornalismo pra mim é sinônimo de voz ativa.


É contar a verdade dos fatos, informar as massas, formar opiniões, estar atenta ao que acontece no mundo.


Ser jornalista é ser movida pelo compromisso de reportar uma história que precisa ser contada.


Grandes reportagens já denunciaram as mazelas da sociedade e deram voz àqueles que não tinham vez. A primeira capa do jornal já contou detalhes de crimes a deixou em alerta a sociedade. A principal matéria do noticiário já mostrou acontecimentos que ficaram na memória de muitas pessoas e mudaram a vida de outras.


Não há como ser jornalista e não ser apaixonado pela profissão.


Como o jornalismo contribui para a sociedade?


O jornalismo é a maior força para a manifestação da verdade, ele é um ponto de referência onde as pessoas podem buscar conhecimento e informação.


Uma reportagem de Hiram Firmino impulsionou o fim dos horrores no manicômio de Barbacena, em Minas Gerais. Foi em 1979, um ano após a revogação do AI-5, que ele conseguiu entrar pela primeira vez no Hospital Colônia e descrever tudo o que viu ao jornal "O Estado de Minas" Devido à época, ele teve dificuldades para escrever. Disse até que sua tática era escrever textos mais fraquinhos, sem parecer uma denúncia. Quais os maiores desafios desse tipo de jornalismo?


Contar uma história sem a liberdade total de expressão é o maior desafio para um jornalista investigativo. Quem denuncia quer mudanças e para isso é necessário que a história seja detalhada e cause a comoção necessária, não só na sociedade, mas também nas grandes instituições governamentais.


Escrever com pudor é gritar baixo e correr o risco de que ninguém te escute.



"Nos Porões da Loucura" de Hiram Firmino


Graças à repercussão da reportagem, começou ali uma mudança de paradigma para a saúde mental. Qual é a importância do jornalismo investigativo ou de denúncia em um país como o nosso?


Além do compromisso básico de informar a população, o jornalismo denuncia o que precisa ser revelado e luta pela liberdade de expressão do pensamento.


O Brasil é marcado por histórias de opressão e injustiça e nossa profissão ajudou a deixar esses períodos e fatos marcados na memória.


Um grande exemplo de luta foi a ditadura militar, quando diversos jornalistas foram presos, torturados e mortos somente por contar a verdade e batalhar para dar voz ao povo... Porque o povo sem voz, não tem vez!


Outro exemplo é a desigualdade social em nosso país, que só encontra maior clamor através da investigação e denúncia de jornalistas... E é certo que as pessoas que decidem ouvir esse clamor, ganham além de informação, a oportunidade de fazer sua parte e mudar um pouco o Brasil.



Arquivo: Memorial da Democracia

A jornalista Daniela Arbex é escritora do livro “Holocausto Brasileiro” que revelou o genocídio de 60 mil mortos em Barbacena. Você acha que é preciso de mais obras assim, que colocam luz a temas pouco conhecidos da nossa história?


Os livros são os grandes registros das principais reportagens já escritas.


Com toda certeza muitos outros fatos importantes e relevantes deveriam ter sido contados em livros. São relatos que podem evitar que outras pessoas sejam prejudicadas.






“Silêncio dos Afogados” traz o universo dos manicômios e da saúde mental no Brasil no século XX. Como você enxerga a abordagem de temáticas históricas de cunho político-social no entretenimento?


O entretenimento contribui para a informação tanto quanto os outros estilos mais sérios de abordagem. É uma maneira mais direta e leve de contar uma história e até de denunciar um crime ou as mazelas da sociedade.


A série “O Mecanismo” é inspirada na história do mensalão e da Operação Lava Jato. Apesar de ser produzida para entreter, ela informa e gera opiniões.



Como o audiovisual (cinema, TV, internet) pode ser um espaço de reflexão?


O cinema, a TV e a internet fazem parte do dia a dia de diferentes gerações, mas todos são sistemas de comunicação audiovisual e neles encontramos muitas formas de nos informar e de ter experiências culturais significativas.


A TV e a internet são os instrumentos mais potentes. Eles são de fácil acesso (para aqueles que têm o privilégio desse acesso, é claro) e trazem a informação de diversas maneiras, seja pelo jornalismo tradicional ou pelo entretenimento, gerando discussões e debates entre família e amigos e trazendo reflexão e formação de opinião para os indivíduos.


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